Para
algumas mulheres, além do desejo de aceitação, da vaidade e do estilo, a
hora de escolher o que tirar do guarda-roupa pela manhã leva em
consideração ainda outros aspectos. Como, por exemplo, princípios morais
e religiosos. É o caso, entre outros, de algumas mulheres evangélicas.
De
acordo com a secretária-executiva da Alobrás (Associação de Lojistas do
Brás) Inês Ferreira, o segmento da moda evangélica que vem se
destacando por seu crescimento e renovação. São seis confecções apenas
entre as associadas, embora ela ressalte que existem outras na região
que não fazem parte da organização.
Inês
diz que, antigamente, as consumidoras deste tipo de roupas reclamavam
que as roupas eram muito sóbrias, formais e sempre voltadas apenas para
um público mais velho – o que ela chama de “roupa de senhora”. Hoje, no
entanto, a maioria das lojas tem estilistas próprios para adequar as
tendências, mantendo a discrição que a religião exige.
“Tendências
como cores, tecidos, texturas e formas podem ser seguidas,
independentemente das restrições”, comenta Leca Calvi, professora de
personal stylist da Escola de Moda Sigbol Fashion. Saias e vestidos são
as peças mais procuradas,assim como blusas com mangas e sem decotes.
De
acordo com Benicio Niza Sampaio, gerente da marca Kabene Jeans, há 15
anos nesse mercado, a procura é grande. “Temos uma estilista que
acompanha as tendências – aviamento, cores, estampas, modelagem – e
adapta ao estilo evangélico tradicional”, diz. Segundo ele, o
comprimento da saia e as mangas das blusas são essenciais.
Para
a consultora de moda Bia Kawasaki, o segredo é saber valorizar o belo.
“Um cabelo bem cuidado, sapatos e acessórios bem coordenados, combinar
perfeitamente cores e estampas. A moda é a exteriorização da
personalidade”, define. “Muitas destas mulheres são muito mais modernas e
sofisticadas que outras que, por não terem noção do ridículo estético,
expõem suas imperfeições físicas e seu mau-gosto ao público em geral.
Já
a professora da PUC Denise Bernuzzi defende que, ao investir neste
estilo, a moda deu um passo importante. “É possível conciliar
religiosidade e universo fashion. E quem lucrou com isso foram as
mulheres”, avalia.