Com as temperaturas esfriando e o inverno se aproximando, combinações bizarras começam a aparecer, como regata e gorro. Essa mistura, em parte, se deve ao mito de que perdemos mais suor pela cabeça.
Seria isso verdade? Segundo a ciência, não.
Troca de calor
Para entendermos por que não, vamos nos voltar para o conceito básico da troca de calor. A troca de calor humana é ditada por uma combinação de princípios físicos, variações de tamanho e forma corporal e mecanismos de controle fisiológicos tais como fluxo de sangue, tremores e sudorese.
Estas interações mantêm a temperatura do corpo estável – tipicamente, um pouco abaixo de 37° C. Enquanto já foi relatado que pessoas sobreviveram a temperaturas corporais extremas como 13,7° C e 46,5° C, é provável que você sinta bastante mal-estar com uma temperatura abaixo de 35° C ou acima de 40° C.
Para além do corpo, o calor também é trocado entre todos os objetos por vias secas (radiação, condução, convecção) e através da evaporação da umidade. No caso das vias secas, a energia térmica se move a partir de regiões mais quentes para as mais frias. A taxa de câmbio é em função da diferença de temperatura entre estes objetos. No caso do resfriamento evaporativo, as moléculas de água deixam superfícies úmidas para entrar no ar menos úmido, levando calor com elas.
Tamanho e forma
O calor é perdido mais rapidamente a partir de superfícies com maiores dimensões. No entanto, grandes massas possuem uma maior estabilidade térmica, e resistem a mudanças rápidas e significativas na temperatura. Assim, a alteração da temperatura de qualquer objeto é ditada pela relação da sua área de superfície com a sua massa.
Por exemplo, um prisma fino retangular perde calor notavelmente rápido, enquanto uma esfera, que tem a menor área de superfície em relação ao volume de qualquer objeto, proporciona a maior resistência à perda de calor.
A forma relativamente esférica da cabeça humana, portanto, nos leva a desafiar o mito da perda de calor com base em princípios básicos da ciência.
Fisiologia
Não podemos ignorar o controle fisiológico do fluxo sanguíneo da pele, já que é a forma como o calor é transportado para a pele para ser dissipado e transpirado, o que facilita a perda de calor quando o ar está mais quente do que a pele.
Existem muitos exemplos de como a seleção natural levou a mudanças fisiológicas para apoiar a regulação da temperatura. O tucano, por exemplo, tem uma grande área de superfície no bico que, em combinação com o seu fornecimento de sangue, permite uma dissipação de calor muito eficaz. O mesmo se aplica às orelhas dos elefantes. Nos seres humanos, os equivalentes mais próximos são as mãos e os pés.
A cabeça não é um radiador ideal, mesmo que tenha muitos vasos sanguíneos perto da sua superfície, uma vez que o fluxo sanguíneo da pele não varia significativamente quando se está descansando ou dramaticamente aquecido.
A cabeça não é um radiador ideal, mesmo que tenha muitos vasos sanguíneos perto da sua superfície, uma vez que o fluxo sanguíneo da pele não varia significativamente quando se está descansando ou dramaticamente aquecido.
Mesmo quando uma pessoa está com uma temperatura perigosamente elevada, o fluxo de sangue da pele da cabeça aumenta muito menos do que o das mãos e dos pés. Além disso, a maioria das cabeças humanas tem cerca de 50% de cobertura de cabelo, que retém o ar e protege contra a troca de calor.
A cabeça não é boa para resfriamento evaporativo também. Enquanto a testa é o lugar mais prolífico para secreção de suor por unidade de área quando estamos descansando, o suor dentro da linha do cabelo ocorre em uma taxa duas vezes menor. De fato, a cabeça representa apenas cerca de 7% da área de superfície do corpo – sendo assim, sua contribuição para o resfriamento evaporativo em repouso é de apenas 10% (menor do que a da mão, pé, coxa e perna).
Embora esta perda de calor possa triplicar durante o exercício, ainda responde por apenas 13% da evaporação corpora total l.
Assim, parece que mesmo que a temperatura da cabeça a torne adequada para a perda de calor, sua geometria e respostas fisiológicas a tiram do páreo.
Assim, parece que mesmo que a temperatura da cabeça a torne adequada para a perda de calor, sua geometria e respostas fisiológicas a tiram do páreo.
Conclusão: cobrir a cabeça não é mais eficaz em manter o calor do que cobrir a maioria das outras regiões do corpo. Você não é mais propenso a perder o calor de sua cabeça do que é de outras partes do seu corpo, exceto suas mãos e pés. Luvas e meias, então, são a sua melhor aposta para se manter quentinho no inverno.[MedicalXpress]
Fonte: Hipyscience
Fonte: Hipyscience