Graziella Piccolo disse que desastre natural é o pior já enfrentado por ela.
Cerca de 10 mil pessoas morreram, segundo autoridades e a ONU.
Juliana CardilliDo G1, em São Paulo
As dificuldades de comunicação, de transporte e acesso às áreas afetadas e também a insegurança gerada pelos saques dificultam o trabalho de distribuição de ajuda humanitária nas Filipinas após a passagem do supertufão Haiyan, disse nesta terça-feira (12) Graziella Leite Piccolo, funcionária do Comitê Internacional da Cruz Vermelha no país. Ela afirma que o supertufão foi o pior desastre natural que enfrentou em 18 anos de Cruz Vermelha, organização que atua principalmente em áreas de conflito. Segundo as autoridades locais e a ONU, pelo menos 10 mil pessoas morreram.
“Este foi o pior [desastre natural], com certeza. A comunicação está muito difícil, o acesso está muito complicado, e é importante poder levar de forma eficaz a resposta humanitária. Temos desafios grandes. Estamos nos movendo por todos os lados para poder fazer com que a assistência possa caminhar e chegar às pessoas”, afirmou ao G1.
“Pontes foram destruídas, as rotas de acesso bloqueadas, e as rotas secundárias são muito precárias. E ao mesmo tempo tem essa urgência de chegar logo, você tem uma população desesperada por água, alimentos, é algo que nos move muito emocionalmente”, explicou Graziella. “Estamos vencendo essa etapa do acesso e comunicação, estamos com telefones via satélite, conseguimos chegar na ilha de Samar [uma das mais afetadas]. Estamos explorando opções via marítima, todas as opções, mas estou muito contente de saber que as nossas equipes já estão nas áreas afetadas”
Graziella está nas Filipinas desde dezembro de 2011, onde é a número dois da delegação da Cruz Vermelha no país. Seu trabalho é coordenar o programa de assistência da organização, levando saúde, água, reabilitação e distribuição de alimentos e utensílios nas áreas onde há conflitos armados. Quando ocorrem desastres naturais, a organização também ajuda na assistência às vítimas.
Um dos escritórios fica em Tacloban, uma das cidades mais afetadas pelo supertufão. Apesar de o escritório ter sido destruído, a presença de uma equipe local facilitou o trabalho da organização. “Nosso escritório foi afetado, estamos trabalhando meio acampados. Tivemos colegas que perderam tudo, mas como temos uma equipe presente esse acesso já existe.”
Além da dificuldade de acesso e comunicação, as equipes também enfrentam problemas de insegurança – houve saques generalizados em Samar e centenas de policiais foram mobilizados para contê-los em Tacloban. Houve relatos de saque a um comboio da Cruz Vermelha, o que segundo Graziella não foi confirmado.
Uma nova tempestade que deve fazer um caminho muito semelhante ao percorrido pelo tufão também é fonte de preocupações. A tempestade Zoraida deve ter ventos mais fracos, de 160 km por hora. “Ela não tem a dimensão de um tufão, mas dificulta a questão do acesso, pode piorar o deslocamento, interromper o transporte por ferry”, explicou Graziella. Veja Mais...
Fonte: G1