sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O que essas três cabeças têm em comum?


Conheça o cirurgião que faz a cabeça de poderosos como José Dirceu, Renan Calheiros e Silas Malafaia

  Xô, careca!

Cirurgião diferenciado

O consultório do cirurgião plástico pernambucano Fernando Basto está em reforma desde agosto passado. Entre outras intervenções, o sobrado de dois andares no bairro das Graças, no Recife, vai ganhar uma nova sala de espera. Com 10 metros quadrados, o espaço terá papel de parede, poltronas aconchegantes, tevê de 40 polegadas e minibar. “Deve lembrar as salas VIP dos aeroportos”, explicou o médico. “Não descartei a hipótese de colocar um espelho bem grande para que meus clientes possam se admirar.”
O cômodo se destina aos pacientes diferenciados do cirurgião – “Gente que vem de São Paulo e Brasília, sempre com a agenda apertada”. Com a novidade – que deve estar pronta até o fim do mês –, os clientes VIP poderão embicar seus carros num estacionamento privativo da casa, cruzar uma discreta portinhola invisível da rua e esperar sem qualquer constrangimento pelo maior especialista em cabelo de político do país.
A fama de Basto corria à boca pequena entre os calvos com poder desde que, em 2007, ele fez um transplante capilar em José Múcio, então ministro das Relações Institucionais de Lula (hoje ministro do Tribunal de Contas da União). Depois disso, sua carteira de clientes ilustres passou a contar com nomes do quilate do ex-ministro José Dirceu, do deputado Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara, e do pastor Silas Malafaia, líder da igreja Vitória em Cristo, da Assembleia de Deus.
O nome do cirurgião ficou conhecido no resto do país depois de dezembro passado, quando implantou 10 118 fios de até 1,5 centímetros de altura acima da testa de Renan Calheiros. É que, para chegar a Recife e embelezar o visual, o presidente do Senado usou um avião da Força Aérea Brasileira. Depois de flagrado, Renan decidiu devolver aos cofres públicos 27 mil reais pelo voo. Basto preferiu não comentar o episódio.
Com 56 anos de idade, barba e bigodes grisalhos e um chumaço mais escuro – transplantado – no alto do cocuruto, o cirurgião é um homem discreto que se define como “apolítico”. Ao tratar de seus honorários, não quis falar em números. Disse apenas que cobra um valor fixo que está “ao alcance da classe média”. As colunas sociais do Recife especulam que Basto cobra de 8 mil a 15 mil reais por cirurgia (seriam ao menos oito por semana).

Formado pela Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco em 1981, Fernando Basto descobriu o filão dos transplantes capilares graças à indicação do colega Perseu Lemos, pioneiro da cirurgia plástica no Nordeste, morto em outubro de 2013. A técnica utilizada por ele consiste em tirar da nuca do paciente – região não afetada pela calvície – centenas ou milhares de folículos capilares, nome dado a minúsculas bolsas sob a pele que guardam, cada uma, as raízes de até três fios. Os folículos são em seguida transplantados para a área que se quer repovoar.
Em 1993, Basto desenvolveu uma técnica própria de implante – a chamada linha anterior irregular. Hoje só vive disso. “Descobri o óbvio”, admitiu, com estudada sinceridade. “Em vez de implantar unidades foliculares traçando uma linha reta e evidentemente falsa, comecei a fazer essa linha irregular. Estabeleço junto com o cliente onde o cabelo vai ficar mais alto e mais baixo, e isso faz uma diferença enorme no resultado final”, explicou. “Fica menos artificial.”
Ele também se gaba de ter sido o primeiro cirurgião capilar do país a usar sedação junto com a anestesia local. Seus clientes dormem de cinco a oito horas, não sentem nada e, quando acordam, têm “quatro vezes mais cabelo do que teriam se tivessem operado com os médicos do Sul, que não usam sedação”.
Basto atribui seu sucesso em Brasília à importância que os políticos dão a “uma imagem jovem, agradável e estimulante”. Ana Arraes, mãe do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato à presidência pelo PSB, já disse em público que apoiaria uma intervenção nas madeixas do filho, que andam escasseando a olhos vistos. Basto não negou que “ficaria muito feliz em atendê-lo”.
Quando não está operando, o cirurgião gosta de zapear por canais como TV Justiça, TV Senado e TV Câmara e fazer uma discreta prospecção de clientes potenciais. “Ficaria chato dizer o nome aqui, mas tem um ministro bigodudo da Dilma que... nossa!” – ele interrompeu a frase para rir alto. “Seria mesmo o máximo operá-lo.”

Basto costuma recomendar aos pacientes que se acostumem com a ideia de que o tratamento da calvície e o cuidado com a nova penugem serão eternos, “assim como o diabetes ou a hipertensão”. Para manter o visual nos trinques, seus clientes precisam tomar certos cuidados: ingerir vitaminas uma vez por dia, aplicar loções tópicas a cada doze horas e lavar a cabeça com xampus medicinais feitos à base de zinco. Nos dez primeiros dias depois do implante, o pente precisa ter dentes espaçados, e as melenas só podem ser tingidas quatro meses depois da cirurgia. Para que não se esqueçam do tratamento, ele, atento ao perfil dos clientes, dá sempre o mesmo conselho: “Deixem um nécessaire com tudo que precisam em cada base – Brasília, São Paulo, casa de férias, carro, avião.”
Os cuidados pós-operatórios incluem a preparação psicológica do paciente para um revés inevitável. Todos os fios implantados pelo cirurgião caem invariavelmente cerca de um mês e meio após a cirurgia. Renan Calheiros já está de sobreaviso. “Nas próximas semanas, teremos um presidente do Senado bem mais calvo, e ele vai precisar ter paciência”, preveniu Basto. “O cabelo definitivo vai demorar de três a quatro meses para renascer. Corte, só daqui a nove meses.”
O cirurgião ainda não sabe como fará os check-ups capilares de José Dirceu, que teve 6 710 fios transplantados em 2008. Condenado no processo do mensalão, o ex-ministro está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, desde o fim do ano passado – não se sabe se incluiu o nécessaire na bagagem. Basto não vê empecilho na situação. “Se ele tiver acesso à internet, pode tirar fotos da cabeça com um celular e me mandar por e-mail”, explicou. “Faço a avaliação na hora e respondo com instruções.” Esqueceu que na Papuda, em tese, o acesso a celulares é vetado. 
Fonte: yahoo e revistapiaui
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