domingo, 29 de setembro de 2013

Igreja evangélica afirma que “doces de São Cosme e São Damião” são amaldiçoadas e troca por “doces abençoados”

Nessa sexta feira foi comemorado em todo o Brasil o dia de São Cosme e São Damião, data firmada na cultura popular pelas religiões afro-brasileiras, em que tradicionalmente são distribuídos saquinhos com balas e doces a crianças. Porém, uma igreja evangélica da Zona Norte do Rio de Janeiro resolveu se opor à data, e convidou as crianças da região a trocarem os doces que ganharam nas ruas em função da data por guloseimas “abençoadas por Deus”.
O pastor Isael Teixeira, da igreja Projeto Vida Nova, explica que saquinhos com geleia, pipoca doce, bananada e pirulito foram preparadas para que as crianças, que são convidadas a, em troca, entregarem os doces que receberam. A estimativa é que a troca seja feita com cerca de dez mil crianças, nos 70 templos da denominação.
- É apenas um convite. Só entrega os doces quem quer. Geralmente, os saquinhos são queimados, representando fim de todo o mal que, por ventura, foi direcionado às crianças – explica o pastor.
- A gente pede para trocar o doce abençoado (da igreja) pelo amaldiçoado. Nosso projeto é um meio de trazer as crianças (que não são evangélicas) para o bem, livrando-as do mal. Se a criança come doce (de rua), pode plantar uma semente dentro dela. Eles (outros religiosos) invocam os espíritos para que entrem nos doces – completa o religioso.
Teixeira explica ainda que junto aos doces o saquinho leva também uma Bíblia como presente para as crianças e diz que “á para comer orando”.
A cabeleireira Raquel Cristo, de 36 anos, conta que há três anos participa da distribuição de doces realizada pela igreja evangélica, que já é realizada a mais de 20 anos.
- Se alguém dá doce para meu filho na rua, eu até pego para não fazer desfeita. Mas depois jogo fora. Minha mãe foi espírita e nós vivíamos doentes. Ela fazia mesa de doces de Cosme e Damião e chamava sete crianças para comê-los. Hoje, acredito que a função disso era transferir a nossa doença para elas – explica a fiel, segundo o jornal Extra.
O presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e babalaô, Ivanir dos Santos, criticou a ação realizada pela igreja.
- Estão fazendo troca simbólica com as crianças porque, no fim das contas, também dão doces. Demonizar a fé de outra religião e ter um mesmo sentido, que é o doce, é um ato de intolerância. E isso, sim, é pecado. – afirmou o religioso.
- Isso é um fiel retrato da intolerância religiosa. Eles estão mostrando que não aceitam a Umbanda como religião, pois estão denominando nossos rituais como sendo do mal – completou Marilena Mattos, vice-presidente do Movimento Umbanda do Amanhã (Muda).
Com informação  Dan Martins, para o Gospel+
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