sábado, 20 de setembro de 2014

Escócia diz ‘não’ e se mantém no Reino Unido: e agora?

A Escócia rejeitou a independência num plebiscito histórico e continuará parte do Reino Unido. Mas nem tudo será como antes, especialmente diante das promessas de devolução de maiores poderes a Holyrood, o Parlamento escocês.
Terminada a acirrada disputa, o foco será em como o governo britânico cumprirá esses compromissos. A BBC reúne as principais questões sobre o que deverá acontecer após a votação.
Mais poderes
Os três maiores partidos britânicos – o Conservador, o Trabalhista e Liberal Democrata – concordam com a devolução de maiores poderes a Holyrood. Durante a campanha, as partes assinaram um compromisso de delegar mais poderes para a Escócia caso a independência fosse rejeitada.
Um calendário para mudanças foi definido pelo ex-primeiro-ministro Gordon Brown, que é parlamentar escocês, e rapidamente aprovado pelos grandes partidos. Brown disse que o governo britânico publicaria todas as propostas até o final de outubro.
Um documento deverá ser elaborado até o final de novembro, após um período de consultas, estabelecendo os poderes propostos. O projeto de um novo “Ato da Escócia” deverá ser publicado até a data conhecida como “Burns Night”, em 25 de janeiro, pronto para ser votado pela Câmara dos Comuns.
No entanto, com uma eleição geral no Reino Unido prevista para maio de 2015, a legislação não deverá ser aprovada até o início do novo Parlamento.
Orçamento
O Parlamento escocês é financiado por verbas destinadas pelo governo central britânico. O montante é definido pela Fórmula Barnett – que ajusta fundos para a Escócia, o País de Gales e a Irlanda do Norte levando em conta número da população e a quantidade de áreas não centralizadas (como saúde e educação) que ficam a cargo da região.
Todos os três grandes partidos estão empenhados em preservar a essência desse mecanismo de alguma forma.
Em propostas apresentadas pelos partidos no início deste ano, cada um ofereceu a Holyrood consideravelmente mais poderes sobre impostos e gastos públicos. No entanto, houve diferenças significativas entre as partes sobre a extensão das alterações.
Os partidos britânicos terão, portanto, que superar suas diferenças e apresentar uma proposta única.
O primeiro-ministro escocês, o nacionalista Alex Salmond, deve lutar para que haja uma “devolução máxima” de poderes em diversas áreas.
Lidar com as divisões
O debate sobre o futuro da Escócia eletrizou o público – mas a paixão, às vezes, se transformou em raiva. Assim, uma das primeiras prioridades será a de reagrupar a nação.
O primeiro passo acontece no domingo, quando a Igreja da Escócia realizar um “serviço da reconciliação” na Catedral de St Giles, em Edimburgo.
Resto do Reino Unido
Com a maior devolução de poderes a Holyrood, muitos na Inglaterra e em outras partes do Reino Unido vão querer abordar a seguinte questão: é justo que parlamentares ingleses não tenham voz nas questões devolvidas à Escócia, mas que parlamentares escoceses em Westminster (Parlamento britânico) votem nas mesmas questões que afetam a Inglaterra?
Uma recente pesquisa do YouGov sugeriu que 62% dos ingleses acreditam que parlamentares escoceses deveriam ser proibidos de votar em leis cuja aplicação será somente sobre a Inglaterra.
Muitos no País de Gales e na Irlanda do Norte também irão perguntar se deveriam estar recebendo mais poderes.
A outra questão para o País de Gales é a continuação da Fórmula Barnett, que vê a Escócia obter mais gastos per capita do que a média do Reino Unido.

Fonte: G1/BBC Brasil E Verdade Gospel
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